sábado, 15 de fevereiro de 2014

Incidente em Antares no Divulga Escritor!

Queridos Amigos e Amigas,

é uma grande alegria compartilhar um poema baseado na obra do grande escritor Érico Veríssimo, Incidente em Antares.
 
E a história começa a ser contada no interior do RS! Vale a pena conferir!
 
Acompanhem no site:
Incidente em Antares
 
Na cidade de Antares
Estrela maior que o sol
Nunca vi nada igual
Ao incidente que acontecera
Sul do Brasil, de Argentina fronteira.
A disputa pelo poder se expande
Entre famílias que aqui no Rio Grande
Eram famosas pelas estâncias
Campolargo e Vacariano
Pelas vinganças e ataques surpresos,
Sem contar,
Jogos políticos e luta por riqueza
Fizeram um marco na história
Dominantes de grande influência
Julgavam-se donos da glória.

Até surgir por esses pagos
O político Getúlio Vargas
Que com um esforço voraz
Firmou um tratado de paz
Entre as famílias idolatradas.

Em meio a tudo isso
Temos a classe dominada
Empregados e serviçais...
Reivindicam seus direitos,
Uma greve foi celada.

Foi em 13 de dezembro de 1963
Ocorreu um incidente
Que vou contar pra vocês
Eram sete mortos
Sete almas celestiais
São impedidos aqui na terra
 De serem enterrados como os demais.

Dona Quitéria Campolargo,
A matriarca da cidade,
Como todos sabem
Ela morreu do coração
Deixando sua riqueza e terras
À tratantes e gananciosos:
Filhas e genros impiedosos.

Agora vos falo,
Do poderoso advogado
Cícero Branco!
Morreu de aneurisma cerebral
Depois do sentimental funeral
Da matriarca do povoado.

João da Paz, paz!!!
Jovem inteligente e idealista
Foi preso e torturado
Por que o espanto?
Bom é uma estória comprida
Um jovem pacifista
Assassinado pela polícia,
Nossa que pranto!

Entre eles Jose Ruiz
Que lhe falo com verdade
Sapateiro da cidade,
Julgado por ser comunista
Conhecido como Barcelona, o anarquista.

Com piedade vos conto
Do bêbado Pudim de Cachaça,
De fato, era uma graça,
O cantor das serenatas,
Morreu envenenado, que morte ingrata!
Que triste esse passado
Foi pela sua esposa,
Mulher que vivia ao seu lado.

Sem tocar mais Appassionata
O pianista diz adeus
Sozinho e incompreendido
Suicidou-se devagarinho
Cortou os pulsos de fininho
Sentia a vida que finda
Triste fim ao maestro:
Menandro Olinda.

E esta de que vos falo, muito usada na juventude
Depois quando já não tinha beleza e saúde
Foi desprezada pelos parceiros
Sem ter mais fama nem dinheiro
Acabou como indigente e tuberculosa
Erotildes, prostituta famosa!

Os coveiros em rebelião,
Negam-se a fazer o enterro,
A fim de aumentar a pressão
Sobre patrões, políticos e fazendeiros.
Rebelados, os sete defuntos.
Vão para o centro da cidade
Pedindo por caridade o enterro
Que é por direito.

Enquanto isso não acontece,
O pânico só aumenta
O que de fato representa
O desamor, a vingança, o desordeiro,
Sem contar os ratos, urubus e o cheiro,
O tumulto só cresce!


Ao meio dia em ponto, os esquifes se reúnem no coreto,
Que foi utilizado como palanque,
Começam a contar os podres e os desafetos
Desde os políticos e morais
Até os devaneios sexuais
Que afetaram a cidade
Com os dizeres atordoados daquelas grandes verdades.

Muitos suavam frio,
Ao ver sua personalidade revelada
Outros sentiam se mal,
Com a verdade proclamada
Como os personagens são cadáveres,
Livres de pressões sociais,
Criticam violentamente os valores amorais
Daquela sociedade mascarada! 

Acabou a greve,
Os mortos foram sepultados,
Não restaram dúvidas
Voltou à harmonia
Colocaram-se as máscaras
Uma sociedade e suas traças. 

Daniela Gebelucha

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